Relato de Trish | Santuário de Elefantes Brasil

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Relato de Trish: O dia de uma veterinária no SEB

Nossa abordagem educacional inclui muito treinamento prático, observações e conversas. Às vezes sentimos que é importante para nossa equipe de tratadores ter momentos por conta própria para tomar decisões, definir o que funciona melhor para eles e compreender o escopo do que ainda precisa ser aprendido e explorado. Trabalhamos com eles, é claro, mas qualquer pessoa que planeje trabalhar com elefantes a longo prazo precisa ter um senso de confiança e uma compreensão da enorme quantidade de educação continuada necessária. Isso faz parte do nosso objetivo como professores e como defensores dos elefantes. Recentemente, pedimos a Trish que detalhasse como era para ela um dia na vida no Santuário, em um dia em que ela e a equipe ficaram responsáveis por todos os residentes do Santuário:

A manhã aqui começa às 7h, ou até mais cedo se você quiser assistir a alguns dos amanheceres mais incríveis às 5h30. Um dos cães do Santuário, Molly, tem uma variedade de condições médicas e requer medicamentos espaçados ao longo do dia. Ela estava me seguindo de perto, então eu peguei sua medicação do meio da manhã para nossa ida ao galpão – onde ela tem supervisionado toda a equipe ultimamente.

Os animais no topo da colina precisam receber o café da manhã e os medicamentos (se necessário), antes de podermos descer para verificar onde estão as cinco meninas elefantes. Da casa, você pode verificar as duas câmeras para ver se algum elefante está aguardando o café da manhã no galpão. Você geralmente encontrará Bambi e Mara perto da lagoa e saberá que Rana está em algum lugar por perto.

Ao descer da casa, ficamos atentos para qualquer sinal de elefantes nos recintos ou água faltando nos cochos, indicando que alguém bebeu lá recentemente. Em seguida, fazemos um planejamento para o dia, dividindo as tarefas e decidindo quem vai alimentar quais elefantes, quem irá abrir e fechar cada portão e limpar os recintos. Sempre tem que haver alguém observando as meninas enquanto elas tomam o café da manhã, para garantir que tudo seja feito com segurança.

Lady tem vindo para fazer seus banhos de imersão e alguns de seus tratamentos comigo e Mateus: ela tem sido tão cooperativa e gostando de todos os mimos extras. Por volta das 16hs, geralmente deixamos Mara entrar para seu jantar privado. Como sabemos, Mara costuma trazer suas amigas Bambi e Rana junto. Às vezes, elas começam a ir para o galpão por volta das 14h30 – 15h, e em outros dias, uma passagem rápida pelo lago as lembra que está na hora. Bambi e Mara voltam rapidamente para o galpão, mas Rana costuma demorar, aparecendo cerca de 15 minutos depois das outras duas e pegando as sobras de alimentos sempre que pode. Mara tem se saído bem em permitir que eu e Mateus a lavássemos e aplicássemos repelente, enquanto ela jantava na baia, longe de seus amigas ligeiramente invasivas.

Depois que Mara termina, o sol se põe e às vezes, se você tiver sorte, há tucanos ou araras ou bandos de periquitos voando. É uma hora da noite muito pacífica. Rana, Mara e Bambi já finalizaram o jantar e estão se enturmando, todas finalizam o feno uma das outras. Mara recentemente tem sido muito fofa pedindo mais comida quando todo o feno acaba. Digo a ela que a cozinha está fechada, então não há mais pedidos esta noite – mas a sobremesa depois do jantar será servida no recinto.

Enquanto alguém alimenta as três meninas no galpão, outra pessoa sai para entregar o jantar para Maia e Lady, e espalha comida pelos recintos para que todas as encontrem durante a noite.

De volta à casa, por volta do pôr-do-sol, todos os galos estão se preparando para dormir nas árvores ou ao longo da parede da varanda. Os três cães e dois gatos aguardam o jantar na cozinha. Há apenas uma bela vibração de paz enquanto o sol se põe magnificamente e tudo fica gradualmente silencioso.

Uma das minhas partes favoritas de estar em casa são os diferentes rostinhos que encontro do lado de fora da porta da frente, obviamente procurando por algo. Sampson, o galo cego do olho direito, vem buscar frutas e castanhas diariamente. O carneiro Milo é o único animal a mostrar seu descontentamento ao descobrir que não sou Scott ou Kat. Disseram-me que oferecer mamão pode torná-lo meu amigo de novo, mas acabei de descobrir que ele também está procurando uma guloseima salgada. Não é surpresa que ele esteja cuspindo a fruta que estou dando a ele.

Às 22h há uma última refeição e tratamento a fazer para Alma, nossa anta residente. Um dos cachorros, Bugsy, sempre me leva de casa até o cercado de Alma e espera pacientemente do lado de fora. É tão pacífico e bonito aqui em uma noite clara, com tantas estrelas no céu. Além de Bugsy, há um pato que caminha de e para o recinto de Alma em busca de companhia e, claro, comida. Frequentemente, o carneiro Milo também se junta ao grupo para o último tratamento de Alma.

Quando você se aproxima, Alma emite um som alto, como que um canto, animada por você estar vindo com uma última refeição. As antas são noturnas, então ela está acordando enquanto eu tento ficar acordada. Bugsy e Minnie são então deixados para dormir na varanda para proteger todos os outros animais contra os animais selvagens famintos. Os dias são de muito trabalho e sou muito grata por estar aqui neste lindo lugar ajudando Scott, Kat e a equipe do Santuário.

Estou honrada por eles terem confiado em mim o cuidado de todos. É claro que meu foco sempre foi os elefantes, mas desta vez estou gostando muito de conhecer os outros seres que também chamam o Santuário de lar.

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